terça-feira, 27 de abril de 2010

O legado de Ian Curtis e a “beatificação” cinematográfica

Para ampliar a lista dos ícones do rock que morrem e consolidam suas carreiras para “todo o sempre”, chega a vez de Ian Curtis.  Vítima de epilepsia e de problemas conjugais, o líder do Joy Division suicidou aos 23 anos de anos de idade. Muitos atribuem o ‘auto-enforcamento’ do músico ao divórcio conturbado da sua esposa e um caso extra-conjugal com a jornalista belga Annik Honoré.

O Joy Division foi uma banda pós-punk formada no ano de 1976, em Manchester, Inglaterra. Formada por Ian Curtis (vocal, guitarra), Bernard Sumner (guitarra), Peter Hook (baixo), Stephen Morris (bateria), a banda tinha forte influência na cultura punk de 1977 e misturava o rock underground com experimentalismo e inovações eletrônicas.

Caracterizado por densas melodias, marcadas pela bateria quase "militar" de Stephen Morris, e uma tendência para a depressão e a claustrofobia, as letras obscuras e poéticas de Ian Curtis se tornaram uma característica marcante do grupo, assim como seu vocal em barítono.

Como forma de “fortalecimento” da imagem do mito que morre, a indústria cinematográfica não deixou a desejar no caso de Ian Curtis. O líder do Joy Division ganhou em 2007, uma biopic (algo como uma cinebiografia) sobre sua vida e morte.  O longa Control traz um belo retrato da vida conturbada do músico, que é interpretado pelo ator Sam Riley.

O filme foi estrategicamente lançado em uma década em que o suicídio virou notícia e problemas conjugais virou a “última moda”. Vale ressaltar que o interesse pela vida privada de indivíduos públicos também tem sido uma constante no cinema. A vida de Ian Curtis nada mais é do que um mix desses assuntos e a sua morte foi a ‘cereja do bolo’ para a veiculação em massa dos problemas que ele enfrentava.

A imagem preta e branca de Control reforça a sensação de desconforto. É como se o telespectador pudesse ver o tom sombrio da vida que Ian levava.

Para quem ainda não assistiu Control fica a dica de uma excelente produção e direção e um aperitivo para se entender um pouco mais sobre o interesse da indústria cinematográfica em ‘mitificar’ a imagem do ser aclamado pela comoção pública.

Ian Curtis e o Joy Division também foram alvos de outras publicações cinematográficas. O filme 24 Hour Party People traz a história da Factory Records e possui muitas cenas sobre os Joy Division. Lançado em 2009 no Brasil, Touching From a Distance: Ian Curtis and Joy Division traz a história do músico contada por sua esposa Deborah Curtis. Há ainda o documentário Joy Division, com entrevistas aos membros da banda.

Ian Curtis foi cremado e as suas cinzas foram enterradas em Macclesfield, com uma lápide com a inscrição "Love Will Tear Us Apart" ("O Amor Vai Nos Destruir"). O epitáfio, escolhido por sua esposa Deborah, é uma referência à canção mais conhecida do Joy Division.

A banda chegou ao fim, junto com a vida do vocalista. Mais tarde, os membros do Joy Division formaram o New Order. A influência do quarteto no rock mundial permanece, em bandas como Franz Ferdinand e The Killers. De acordo com entrevistas realizadas entre vários músicos, o Joy Division é marcado como ídolo de outros artistas como  Thom Yorke do Radiohead, Billy Corgan dos Smashing Pumpkins e no Brasil o Renato Russo do Legião Urbana.

Leia mais no site The Rock Wall

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